Então eu fui num
casamento indiano! E realmente é lindo. Assim como a maior parte da estética
indiana, o casamento é redundante em cores, padrões e brilhos. O evento é o
ápice da simulação de um cortejo demorado e comemorado que é constítuido por
diversas outras cerimônias. Elas são todas seguidas a risca para que o
casamento seja prospero Eu não decorei todas elas ainda, mas, a
título de exemplo, posso citar a Cerimônia da "Parada" (onde o noivo
e a noiva se encontram pela a primeira vez e dizem "sim" ao noivado)
e a Cerimônia das Luzes (onde os familiares andas com velas e tambores pela
vizinhança avisando a todos que há alegria na sua casa, por que um casamento
vai acontecer). Esse processo (do primeiro sim até o casamento) pode durar um
mês ou até um ano e depende da vontade e disponibilidade de dinheiro das
familias (por que é muito caro fazer tanta festa!). Eu assisti a cerimônia do
casamento e a festa antes do dia do casamento da família da noiva. Sobre o
resto, eu só vi fotos de outros casamentos e ouvi explicações do pessoal aqui
da família. Por isso, vou descrever o que vi no dia do casamento, apenas.
Os casamentos acontecem
em "Palácios de Casamento" grandes, com partes cobertas e partes ao
ar livre. O palácio é decorado com tecidos translúcidos de várias cores (aqui
no Punjab, acho que a combinação mais popular é vermelho e amarelo) e flores
combinando (geralmente cravos pequenos). As flores cobrem colunas e estruturas
de ferro e arrematam os drapeados dos tecidos. É lindo e provavelmente muito
trabalhoso. Mas nada que a opulência populacional indiana não viabilize. Tanto
na parte de dentro quanto a de fora há alimentação. Alguns garçons passam com
Pakora (vegetais empanados e fritos) pelas mesas e na parte ao ar livre várias
banquinhas de comida (bem como as de rua!) servem os convidados em potinhos e
pratinhos de plástico. Esse casamento que fui era de uma família pobre, mas o
palácio que esles escolheram era enorme para os padrões de salões brasileiros
(depois o Jimmy me contou que ele era "médio"). Haviam muitas pessoas
e as embalagens e restos de comida logo se amontoavam, já que as poucas
lixeiras disponíveis eram ignoradas. Eu comi um picolé de leite que é um dos
primeiros que apareceram na Índia, muito bom. Ele tem gostinho de leite com
açúcar e pedacinhos de amêndoa misturados. Depois de algum tempo, ouvimos os
barulhos de tambores e fomos olhar a chegada do noivo. É comum o noivo vir de
carroça decorada ou montado num cavalo branco (isso mesmo, haha), mas eu só
assisti a partir do momento que ele entrou no palácio. Ele vem ora andando, ora carregado, cercado por seus familiares e por uma banda de percursão que dá
ritmo à caminhada dançante. O homem usa uma espécie de chapéu-turbante coberto
de pérolas, do qual uma cortina das mesmas pérolas desce e cobre o rosto. Ela
protege o noivo do mau-olhado, nesse dia em que ele étão invejado, me explicou
o Jimmy. Lentamente, entre gritos, batuques e notar de rupia atiradas para
cima, o noivo e sua caravana se aproximam da entrada do salão, onde as mulheres
da família da noiva esperam atrás de uma fita. Antes do noivo alcançar a fita,
parentes da família da moça entregam presentes à família do moço. Assim que ele
está a frente das mulheres da sua futura esposa, uma negociação demorada e
barulhenta se inicia. A mão da moça está sendo barganhada. O noivo chega a
empurrar com força as moças do outro lado e tenta rasgar a fita, mas elas
resistem até que ele prometa que vai ser um bom marido e jogue dinheiro para
elas. Aí, a fita é cortada e ele entra triunfante, com música alta e os amigos
gritando e pulando em volta. O noivo se instala em seu trono dourado e espera a
a noiva que depois de uma meia hora, aparece do outro lado do salão. Ela vem
embaixo de uma teto feito de um pano de seda bordado com pedrarias que é
segurado nas pontas pelos seus tios. Com ela embaixo da cabana vem as primas,
as amigas e irmãs. A moça veste um pesado sári brilhante, várias jóias
vistosoas, um grande anel no piercing do nariz e muita maquiagem. Ela vem com
os olhos baixos (para cuidar do sári e por estar tímida) e sem sorriso no
rosto. Caminha até o altar do trono e quando o seu noivo se levanta e lhe dá a
mão para ajudar a subir, é comemorado o casal. Agora eles começam nova vida
juntos. Sentados no trono os dois ficam o resto do casamento, enquanto os
famíliares e amigos vem encontrá-los para lhes dar doces (para desejar momentos
doces e sorte), colocar colares feitos de rúpias (para desejar prosperidade) e
tirar fotos. A partir desse momento a pista de dança está aberta e todos
aproveitam bastante ela. Aqui no Punjab o estilo de música que a maioria das
pessoas ouvem (imagino que a maioria, por que até agora todos que eu conheci
escutavam) é um rap com uma batida característica, que pra mim parece sempre a
mesma coisa, mas é gostoso de dançar. Os guris parece que se divertem bem mais,
fazendo passos extravagantes com pulos ritmados e jogo de pernas, enquanto as
garotas mexem os ombrinhos e fazem mãos a lá indiana. Curtimos um pouco a
agitação do pessoal, especialmente a vista graciosa das menininhas de 5, 6 anos
totalmente absortas na dança e depois voltamos pra casa. Acho que deu pra ter
uma idéia de como é esse evento que é extremamente importante pra vida dos
indianos.
e o marido e a mulher vão poder se casar de novo, com outros maridos e mulheres, ou é um casamento monogâmico?
ResponderExcluireu também vi na minha viagem homens dançando, sem medo de serem taxados de qualquer coisa. Adorei.