sábado, 9 de fevereiro de 2013

Bons auspícios aos noivos!


Então eu fui num casamento indiano! E realmente é lindo. Assim como a maior parte da estética indiana, o casamento é redundante em cores, padrões e brilhos. O evento é o ápice da simulação de um cortejo demorado e comemorado que é constítuido por diversas outras cerimônias. Elas são todas seguidas a risca para que o casamento seja prospero Eu não decorei todas elas ainda, mas, a título de exemplo, posso citar a Cerimônia da "Parada" (onde o noivo e a noiva se encontram pela a primeira vez e dizem "sim" ao noivado) e a Cerimônia das Luzes (onde os familiares andas com velas e tambores pela vizinhança avisando a todos que há alegria na sua casa, por que um casamento vai acontecer). Esse processo (do primeiro sim até o casamento) pode durar um mês ou até um ano e depende da vontade e disponibilidade de dinheiro das familias (por que é muito caro fazer tanta festa!). Eu assisti a cerimônia do casamento e a festa antes do dia do casamento da família da noiva. Sobre o resto, eu só vi fotos de outros casamentos e ouvi explicações do pessoal aqui da família. Por isso, vou descrever o que vi no dia do casamento, apenas.
Os casamentos acontecem em "Palácios de Casamento" grandes, com partes cobertas e partes ao ar livre. O palácio é decorado com tecidos translúcidos de várias cores (aqui no Punjab, acho que a combinação mais popular é vermelho e amarelo) e flores combinando (geralmente cravos pequenos). As flores cobrem colunas e estruturas de ferro e arrematam os drapeados dos tecidos. É lindo e provavelmente muito trabalhoso. Mas nada que a opulência populacional indiana não viabilize. Tanto na parte de dentro quanto a de fora há alimentação. Alguns garçons passam com Pakora (vegetais empanados e fritos) pelas mesas e na parte ao ar livre várias banquinhas de comida (bem como as de rua!) servem os convidados em potinhos e pratinhos de plástico. Esse casamento que fui era de uma família pobre, mas o palácio que esles escolheram era enorme para os padrões de salões brasileiros (depois o Jimmy me contou que ele era "médio"). Haviam muitas pessoas e as embalagens e restos de comida logo se amontoavam, já que as poucas lixeiras disponíveis eram ignoradas. Eu comi um picolé de leite que é um dos primeiros que apareceram na Índia, muito bom. Ele tem gostinho de leite com açúcar e pedacinhos de amêndoa misturados. Depois de algum tempo, ouvimos os barulhos de tambores e fomos olhar a chegada do noivo. É comum o noivo vir de carroça decorada ou montado num cavalo branco (isso mesmo, haha), mas eu só assisti a partir do momento que ele entrou no palácio. Ele vem ora andando, ora carregado, cercado por seus familiares e por uma banda de percursão que dá ritmo à caminhada dançante. O homem usa uma espécie de chapéu-turbante coberto de pérolas, do qual uma cortina das mesmas pérolas desce e cobre o rosto. Ela protege o noivo do mau-olhado, nesse dia em que ele étão invejado, me explicou o Jimmy. Lentamente, entre gritos, batuques e notar de rupia atiradas para cima, o noivo e sua caravana se aproximam da entrada do salão, onde as mulheres da família da noiva esperam atrás de uma fita. Antes do noivo alcançar a fita, parentes da família da moça entregam presentes à família do moço. Assim que ele está a frente das mulheres da sua futura esposa, uma negociação demorada e barulhenta se inicia. A mão da moça está sendo barganhada. O noivo chega a empurrar com força as moças do outro lado e tenta rasgar a fita, mas elas resistem até que ele prometa que vai ser um bom marido e jogue dinheiro para elas. Aí, a fita é cortada e ele entra triunfante, com música alta e os amigos gritando e pulando em volta. O noivo se instala em seu trono dourado e espera a a noiva que depois de uma meia hora, aparece do outro lado do salão. Ela vem embaixo de uma teto feito de um pano de seda bordado com pedrarias que é segurado nas pontas pelos seus tios. Com ela embaixo da cabana vem as primas, as amigas e irmãs. A moça veste um pesado sári brilhante, várias jóias vistosoas, um grande anel no piercing do nariz e muita maquiagem. Ela vem com os olhos baixos (para cuidar do sári e por estar tímida) e sem sorriso no rosto. Caminha até o altar do trono e quando o seu noivo se levanta e lhe dá a mão para ajudar a subir, é comemorado o casal. Agora eles começam nova vida juntos. Sentados no trono os dois ficam o resto do casamento, enquanto os famíliares e amigos vem encontrá-los para lhes dar doces (para desejar momentos doces e sorte), colocar colares feitos de rúpias (para desejar prosperidade) e tirar fotos. A partir desse momento a pista de dança está aberta e todos aproveitam bastante ela. Aqui no Punjab o estilo de música que a maioria das pessoas ouvem (imagino que a maioria, por que até agora todos que eu conheci escutavam) é um rap com uma batida característica, que pra mim parece sempre a mesma coisa, mas é gostoso de dançar. Os guris parece que se divertem bem mais, fazendo passos extravagantes com pulos ritmados e jogo de pernas, enquanto as garotas mexem os ombrinhos e fazem mãos a lá indiana. Curtimos um pouco a agitação do pessoal, especialmente a vista graciosa das menininhas de 5, 6 anos totalmente absortas na dança e depois voltamos pra casa. Acho que deu pra ter uma idéia de como é esse evento que é extremamente importante pra vida dos indianos.

Um comentário:

  1. e o marido e a mulher vão poder se casar de novo, com outros maridos e mulheres, ou é um casamento monogâmico?

    eu também vi na minha viagem homens dançando, sem medo de serem taxados de qualquer coisa. Adorei.

    ResponderExcluir